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A realização de um sonho

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Poucos teriam ficado tão entusiasmados quanto Lis Bernhardt com o anúncio da parceria entre o Rotary e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que visa capacitar os associados do Rotary a proteger, restaurar e conservar corpos d'água com a orientação técnica de especialistas do Pnuma. 

Lis, que foi bolsista do Rotary e trabalha no Pnuma, dedicou cinco anos ao desenvolvimento da iniciativa Ação Comunitária pela Água Doce mesmo em meio à troca de lideranças em ambas as organizações. Depois do anúncio feito na Assembleia Internacional do Rotary em janeiro deste ano, ela postou no LinkedIn: “Um sonho profissional que eu tinha se tornou realidade.” (Leia o blog para conhecer a trajetória da Lis.)

“O Rotary teve papel fundamental para eu que eu viesse a trabalhar nas Nações Unidas”, disse ela. “Foi recompensador ter contribuído à formação desta parceria, pois é uma forma de retribuir ao Rotary.”

“Sempre fiquei admirada com a dedicação dos associados do Rotary.”

Foto: Sarah Waiswa

Lis desempenhou várias funções em desenvolvimento internacional desde 2000-02, quando foi bolsista do Rotary no Geneva Graduate Institute, na Suíça. O trabalho de Lis envolve desenvolvimento e meio ambiente. Em 2015, trabalhando em Nova York no programa ONU Água, ela exerceu um papel crucial na formulação do sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que é assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos. Muitas das funções que Lis ocupou tiveram uma coisa em comum: a água.  

Isso pode estar relacionado a um encontro casual que acabou direcionando a sua carreira, ocorrido durante o período da sua bolsa de estudos, patrocinada pelo Rotary Club de Valparaíso, que fica na sua cidade natal. Lis fez bacharelado em estudos internacionais na Universidade Northwestern, perto de Chicago, e pretendia se concentrar na resolução de conflitos e nos direitos das minorias.   

Entre o primeiro e o segundo ano da bolsa, quando fazia estágio no Programa de Voluntários das Nações Unidas , ela fez parte de um projeto em que organizações não governamentais e outros grupos da sociedade civil nos países em desenvolvimento podiam solicitar assistência on-line para criação de website, tradução de documentos e elaboração de propostas para financiamento, entre outras coisas. Seu trabalho envolvia a análise de pedidos, como um feito pela nação indígena Navajo, dos Estados Unidos.  

“O pedido atendia a todas as exigências e estava bem clara a necessidade de acesso à educação”, lembra ela. “Aquelas pessoas também enfrentavam problemas de água e saneamento e faziam parte de uma minoria desfavorecida. Apesar de atender a todos os critérios, havia um problema: o grupo estava nos Estados Unidos, o que o desqualificava.”

Lis Bernhardt

  • Ganhadora de Bolsa Educacional do Rotary, 2000-01
  • Mestrado em Assuntos Internacionais, Geneva Graduate Institute, Suíça, 2002
  • MBA, Henley Business School, Inglaterra, 2012

Lis não se esqueceu das condições difíceis daquelas pessoas e acabou fazendo uma visita à Nação Navajo. Esta experiência serviu de base para sua dissertação de mestrado, que explorou a desconexão entre os caminhos ambientais e socioeconômicos do desenvolvimento. 

“No final das contas, todos os problemas dos navajos envolviam o meio ambiente. Vi como as condições ambientais estão ligadas às questões de desenvolvimento”, lembra ela. “Foi aí que mudei minha forma de pensar. Todo trabalho que desempenhei desde então incluiu o meio ambiente.” 

Após curtos períodos na Anistia Internacional e no Programa Voluntários das Nações Unidas, Lis ingressou como chefe de relações externas no Programa Internacional de Dimensões Humanas sobre Mudanças Ambientais Globais em Bonn, Alemanha. Em 2009, foi contratada pela ONU Água, também em Bonn, sendo depois transferida para o escritório de Nova York, onde contribuiu à elaboração do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU para água e saneamento.  

Por mais influente que esse trabalho fosse, ela começou a se interessar pela implementação das atividades, para contribuir na prática ao alcance dos objetivos. Em 2016, no Quênia, ela passou a trabalhar na Unidade de Ecossistemas de Água Doce do Pnuma. Em 2018, ela integrou o grupo que recepcionou uma delegação do Rotary International, incluindo o então presidente eleito Barry Rassin, que estava explorando a possibilidade de uma parceria. As engrenagens já estavam em movimento para que o meio ambiente se tornasse uma das áreas de enfoque do Rotary.

“Alguns de nós, como o nosso chefe de comunicações, Dan Cooney, que Bolsista Rotary pela Paz, fomos em grande parte responsáveis por dar força à formação de uma parceria”, lembra Lis. “Nós dois conhecíamos o Rotary e sabíamos como seria um relacionamento entre as duas organizações.”

Esquerda: Lis Bernhardt no Lake Geneva, Suíça. Right: Lis e um colega atravessando o Rio Congo, de Brazzaville a Kinshasa, para visitar um projeto de preservação das reservas de carbono nas turfeiras da bacia hídrica.


Depois de muitas conversas, os chefes de Lis decidiram coletar dados antes de fechar o acordo. Lis e Joe Otin, o então representante do Rotary no Pnuma, lançaram um projeto piloto chamado Adote um Rio para o Desenvolvimento Sustentável, no Distrito 9212, abrangendo Eritreia, Etiópia, Quênia e Sudão do Sul. Lis e seus colegas colaboraram com associados do Rotary de 20 clubes na “adoção” de nove rios, o que envolvia a retirada de lixo, catalogação de dados sobre poluição, realização de eventos de engajamento comunitário e reuniões com as partes responsáveis para discutir soluções. Eles fizeram um tipo de pesquisa conhecida como ciência cidadã, levando à criação de um plano de longo alcance para cada rio.

Lis atesta que foi inspirada por sua experiência como bolsista a trabalhar com associados do Rotary. “Como bolsista, conheci muita gente em diferentes clubes, e a impressão que eu tinha era a mesma de quando falava com as pessoas do clube de Valparaíso. Sempre fiquei admirada com a dedicação dos associados do Rotary, com o fato de estarem em praticamente todos os cantos do mundo se empenhando pelo bem comunitário.” 

Ela continua entusiasmada com o potencial da parceria. 

“A água é extremamente valiosa em tudo o que fazemos. Não passa um dia sequer sem que usemos água limpa de alguma forma. Nós a tomamos para viver e ela está presente nos alimentos agrícolas. A água permite o funcionamento das indústrias e é essencial a todo tipo de energia que consumimos. A água é crucial em todos esses processos.” 

Artigo originalmente publicado na edição de setembro de 2024 da revista Rotary.

Descubra como o Grupo Rotary em Ação pela Água, Saneamento e Higiene (WASH) apoia atividades comunitárias sustentáveis


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