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Atenda ao chamado de Calgary

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As pessoas se reúnem na confluência dos rios Bow e Elbow há muitos séculos. Em junho de 2025, será a nossa vez.

por Fotos:

Cheguei aqui na esperança de ver montanhas, mas o que vejo é céu, muito céu, com nuvens brancas colossais atravessando a vasta amplidão azul, como uma manada de cavalos selvagens galopando em campo aberto, ligeiros e obstinados. 

Talvez isso seja um exagero, talvez não. Porque logo ao sair do avião, depois de ver um mural de folhas vermelhas da árvore bordo com a inscrição Bienvenue au Canada me deparo com uma escultura de cavalos de bronze que passa a ideia de movimento a qual, nas palavras do seu criador Robert Spaith, evoca “a força, o espírito e a maturidade” de Calgary. Então, a analogia de nuvens colossais e cavalos tem a ver.

A Convenção do Rotary International de 2025 será imperdível. Inscreva-se até 15 de dezembro para aproveitar o desconto.

Esses pensamentos me vêm à mente durante a corrida de táxi até o centro de Calgary. Três séculos atrás, era nessa área que os membros das nações indígenas Siksika, Kainai e Piikani, conhecidas coletivamente como Siksikaitsitapi ou Confederação Blackfoot, se reuniam. Eles chamavam o lugar de Moh'kinstsis, que significa “cotovelo”, por causa da grande curva abrupta que o Rio Bow faz no seu curso do leste para o sul, logo após a sua confluência com o Rio Elbow. “Na antiga linguagem de sinais Blackfoot, dar um tapinha no cotovelo indicava que você estava indo para Moh'kinstsis”, explica o estudioso Piikani Eldon Yellowhorn. Ainda hoje, o mesmo sinal significa que a pessoa está indo para Calgary. 

Atendendo ao chamado ancestral de se encontrar às margens de um corpo d’água, outras tribos, como os Tsuut'ina e os Nakoda, ficavam na junção dos dois rios e, quando os colonizadores europeus chegaram nesta parte de Alberta, também fizeram desse lugar o seu lar. Uma grande cidade surgiu e hoje, com uma população de 1,6 milhão de pessoas, Calgary compõe a quarta maior área metropolitana do Canadá. Apesar da modernidade, a cidade valoriza o seu passado.

  1. Explore butiques ecléticas, saboreie uma boa refeição e acompanhe o movimento no shopping Stephen Avenue.

  2. The Confluence Historic Site and Parkland

  3. Ciclistas no bairro de Inglewood. Calgary tem mais quilômetros de ciclovias e trilhas do que qualquer outra cidade da América do Norte.

  4. Craig Stokke, do Rotary Club de Calgary Stampede Park, na loja Recordland no bairro de Inglewood.

  5. Smithbilt Hats é conhecida pelo chapéu branco característico de Calgary, mas também oferece outras opções de cor.

No final de outubro de 2023, vim conferir de perto a cidade que sediará a Convenção do Rotary em junho de 2025. Contudo, esta não será a primeira vez que a cidade recebe os associados do Rotary. Em 1996, 25.000 rotarianos de 126 países e áreas geográficas estiveram em Calgary para a 87ª Convenção, cujo tema foi Reunião da Família Rotary. Preste atenção nesta palavra, família, porque certamente você gostará de ter a sua consigo em Calgary, além de amigos e das pessoas que conhecerá no evento. Para quem ainda não conhece Calgary e o oeste norte-americano, esta é uma oportunidade imperdível. A cidade, e o país em si, merecem a visita. E quanto às montanhas? Fique tranquilo. Há muitas.

Diversão típica de cidade grande sem os problemas de cidade grande

Quando a Torre de Calgary foi inaugurada, em 1968, ela não era apenas a estrutura mais alta da cidade, mas também de todo o oeste canadense. Desde então, só nesta cidade, a torre foi superada seis vezes em altura. No entanto, ela continua sendo o símbolo grandioso de Calgary e serve de referencial para os visitantes se guiarem pela cidade. Ela é também algo análogo a uma escadaria para o céu.

A Torre de Calgary refletida numa das muitas peças de arte no centro da cidade.

O deck de observação da torre de 190 metros de altura contém descrições de tudo o que você pode observar lá de cima e que talvez queira ver de perto mais tarde, como o Scotiabank Saddledome, a arena com telhado côncavo que fica no meio do Stampede Park, onde ocorrerá a Convenção de 2025. Para os destemidos, há uma plataforma de piso de vidro com vista para a distante Ninth Avenue. E olhando em direção ao oeste estão as Montanhas Rochosas, erguendo-se como uma aparição acinzentada na margem ocidental das Grandes Planícies.

Como comprovado pela vista que se tem a partir da torre, Calgary tem muito a oferecer. “Quem mora aqui diz que Calgary tem todas as comodidades de uma cidade grande sem os problemas de uma cidade grande”, menciona Craig Stokke, copresidente da Comissão Anfitriã. “Embora tenhamos crescido e nos tornado uma cidade grande, ainda temos a mentalidade de cidade pequena”, algo evidenciado no ano passado, quando os leitores da Condé Nast Traveller  votaram Calgary como a cidade mais amigável do mundo.

O início da cidade remonta a 1875, quando a Polícia Montada do Noroeste estabeleceu um posto avançado no que foi, durante séculos, um ponto tradicional de encontro de povos indígenas. O oficial superior do comandante, o tenente-coronel James Farquharson Macleod, deu ao posto o nome de Fort Calgary, em homenagem a um castelo na Escócia. Segundo alguns relatos, “Calgary” significa, em gaélico, “água clara corrente”, um nome mais do que apropriado para este lugar onde o Rio Elbow (cotovelo) encontra o Rio Bow (arco).

Rebatizado de Confluence Historic Site and Parkland, hoje em dia o Fort Calgary é um campus de 40 ha que preserva as origens da cidade, com o objetivo de apresentar sua história de forma mais ampla e abrangente.

A instalação de madeira chamada Marking se transforma em sombras tridimensionais de pessoas e cavalos.

Vejo tudo isso durante minha caminhada pelas redondezas, aproveitando para ler o conteúdo das placas do lado de fora da réplica do quartel militar e passar algumas horas no centro interpretativo, que é um local focado na divulgação do patrimônio cultural ou natural. Junto e entrelaçado com as histórias dos colonos estão os contos daqueles que chegaram antes deles. Há alguns artefatos bonitos, como a bolsa de polvo Métis com miçangas brilhantes, cujo nome se deve aos quatro pares de abas decorativas. Contudo, o que mais chama atenção é a progressão das perdas ocorridas. The Great Slaughter, uma peça tridimensional da arqueóloga e artista de Saulteaux Métis, Autumn Whiteway, evoca o quase extermínio do bisão e a dizimação daqueles que reverenciavam o bovino e precisavam dele para a sua sobrevivência. Há uma reprodução e explicação do Tratado 7, pelo qual os Blackfoot e outras Primeiras Nações cederam suas terras no sul de Alberta. Ela é acompanhada por uma exposição interativa sobre verdade e reconciliação, e sua relação com o tratado.

Depois de conhecer o centro interativo, não deixe de explorar as adjacências. Preste muita atenção a um conjunto despretensioso de madeira que, após uma inspeção minuciosa, acaba se revelando ser uma notável ilusão de ótica. Chamada de Marking, a estrutura delineia em parte o contorno do forte original. Suas colunas verticais têm formato irregular e, em alguns casos, lembram a silhueta de um rosto ou a curva de um corpo. Desconsidere o que disse. Em vez disso, afaste-se um pouco da estrutura e caminhe ao lado dela até enxergar a parte de trás da parede inacabada da paliçada. Concentre sua atenção exatamente nisso e você notará sombras tridimensionais de pessoas e cavalos. Se você olhar diretamente para essas imagens efêmeras elas desaparecerão.

Mais cedo, durante a minha caminhada até o forte, passei por um teatro cuja parede externa estava coberta de grama artificial verde onde estava escrito: ISSO PARECE TÃO REAL. É bem isso mesmo.

Prepare-se

Embora a Convenção de Calgary termine em 25 de junho, considere ficar mais alguns dias para assistir ao mundialmente famoso Calgary Stampede, que começa em 4 de julho. Esses dias intermediários são perfeitos para conhecer alguns dos seis Patrimônios Mundiais da Unesco localizados em Alberta.

Canadian Rocky Mountain Parks consiste em sete parques nacionais e provinciais contíguos. Um deles, Banff, é justamente celebrado, mas com suas cachoeiras e lagos, suas montanhas cobertas de neve e noites estreladas, os outros parques merecem uma visita — e talvez uma estadia prolongada.

Ao longo dos anos, as infinitas Badlands de Alberta produziram um tesouro do Cretáceo. Conheça algumas das joias no Dinosaur Provincial Park, e depois confira o Royal Tyrrell Museum of Palaeontology, em Drumheller.

Uma visão nítida da cultura das planícies, Head-Smashed-In Buffalo Jump é mais do que apenas o penhasco de 10 m de altura onde os povos indígenas conduziam os bisões à queda fatal para depois comerem a sua carne.

Situado na fronteira entre Alberta e Montana e abrangendo o Waterton Lakes National Park, no Canadá, e o Glacier National Park, nos EUA, o Waterton-Glacier International Peace Park é um monumento à amizade global e uma maravilha natural de tirar o fôlego.

Um local sagrado para os Blackfoot, Áísíai'pi (que significa “está escrito” ou “está retratado”), também conhecido como Writing-on-Stone Provincial Park, é um dos maiores conjuntos de petróglifos da América do Norte, esculpidos pelos povos indígenas que viveram aqui ou pelos espíritos que dizem habitar as colinas adjacentes.

Distante 14 horas de carro de Calgary, cerca de 3.000 bisões, além de ursos, alces, lobos, corujas e grous, vivem livres no vasto Wood Buffalo National Park. O local é procurado por observadores de estrelas por ficar debaixo da maior extensão de céu escuro do mundo.

Um paraíso para pedestres

No coração do revitalizado East Village de Calgary, o Studio Bell oferece uma irresistível variedade de estímulos musicais. Sede do National Music Centre e do Canadian Music Hall of Fame, quatro dos cinco andares são dedicados a diferentes aspectos da música, e há inúmeras oportunidades para ouvi-la, aprender como é feita, tocar e comentar sobre os sentimentos que ela provoca, como muitas pessoas fizeram em vários idiomas. Comece no último andar e vá descendo com calma para experienciar o local.

Topo, a partir da esquerda: Mark Starratt e seu filho Alex visitando o Zoológico de Calgary, acompanhados pelos rotarianos Luanne Whitmarsh, Craig Stokke e Corinne Wilkinson. Starratt e Stokke são copresidentes da Comissão Anfitriã. Esquerda: o metrô de Calgary faz parte da rede de transporte público da cidade. Direita: o Studio Bell abriga o Canadian Music Hall of Fame.

O Zoológico de Calgary é fenomenal. Infelizmente, durante a minha visita, ele estava em reforma. A principal das atrações que estará aberta aos participantes da Convenção do Rotary será a exposição Wild Canada, com destaque para lobos cinzentos, ursos polares e outros animais selvagens que habitam as regiões remotas e indomadas do país. Mesmo sem todas as atrações durante a minha visita, passeio tranquilamente pelos jardins exuberantes e vejo muitos animais, incluindo zebras e girafas, leões e lêmures, e um bando de pinguins-rei. E no Prehistoric Park, encontro dinossauros animatrônicos que desconcertam e encantam as crianças.

Nessa cidade favorável aos pedestres e ciclistas – com mais quilômetros de ciclovias e trilhas do que qualquer outra cidade da América do Norte – eu fui a pé até o zoológico. Com as várias paradas ao longo do caminho, isso levou algumas horas. Para voltar ao centro da cidade, pego o CTrain – que faz parte do amplo sistema de transporte público de Calgary e será gratuito para todos os participantes da Convenção de 2025. Estou de volta ao meu hotel, o venerável Fairmont Palliser, com bastante tempo para me preparar ao jantar. Assim como Calgary tem uma arquitetura de classe mundial, trilhas para bicicletas, alegria e vida noturna, ela também é um paraíso gastronômico, com todas as culinárias imagináveis. Mas, hoje à noite, pretendo comer o que acredito ser o prato principal da cidade.

Calgary ostenta uma forte presença da indústria pecuária, e os moradores têm orgulho da sua carne bovina, cujo rico sabor é resultado da dieta à base de cevada consumida pelos animais de corte em Alberta. E assim, à noite, eu estou no Vintage Chophouse & Tavern, um local de convívio com iluminação aconchegante, onde saboreio um bife delicioso. A refeição me deixa bem fortalecido para o que está por vir.

Cenários incomparáveis em Banff

Nevou durante a maior parte da noite e o trânsito estava uma bagunça. “Se não tiver que dirigir hoje”, aconselhou a voz severa no rádio, “fique em casa”. 

Eu ignoro o conselho e resolvo dirigir. A culpa é de Cindy Walker, a garota do Texas que, em 1950, compôs uma canção sobre o oeste canadense. Começa assim: 

No azul das Montanhas Rochosas Canadenses,
a primavera suspira entre as árvores
e as papoulas douradas florescem
ao redor das margens do Lago Louise. 

Por causa dessa canção melancólica, eu sempre quis visitar o Lago Louise, e agora eu estava a apenas 185 km de distância dele. Seria preciso mais do que uma nevasca em outubro para me fazer desistir de visitá-lo.

A charmosa Banff e as majestosas Montanhas Rochosas estão a uma curta e surpreendentemente bela viagem de carro de Calgary.

Encontro o caminho para a rodovia Trans-Canada rumo à Banff, onde pretendo passar a noite. A neve diminuiu, mas o céu ainda não clareou e a visibilidade é mínima. Mais ou menos uma hora depois do início de minha viagem, pareço estar indo diretamente em direção a uma nuvem escura e gigantesca, que só no último instante se revela como a lateral de uma montanha próxima à estrada. 

Finalmente chego a Banff, depois de percorrer os 90 minutos habituais de carro em cerca de três horas. É uma cidade pequena e charmosa, com poucos prédios. Como estamos entre as estações do ano, as ruas estão relativamente tranquilas. Depois de deixar minhas coisas no quarto do hotel saio para andar pela cidade, parando em duas ou três lojas antes de ir para o Chuck's. Lá, eu me atraco com um filé mignon de 225 gramas empunhando a pequena faca que constará do tratado que irei escrever: as facas de Alberta para cortar bifes.

No dia seguinte, nos momentos que antecedem o nascer do sol, abro as cortinas da janela e descubro dois pinheiros imponentes como que ancorando um céu azul com toques dourados. Logo estarei de volta à Trans-Canada e, em menos de uma hora, vou poder suspirar entre as árvores do Lago Louise.

No verão de 1882, Thomas Edmonds Wilson, um experiente desbravador de Alberta de 23 anos, seguiu seu guia Nakoda, Edwin Hunter, pela densa e virgem floresta das Montanhas Rochosas até chegarem a um corpo de água intocado. Wilson ficou surpreso. “Como Deus é o meu juiz, nunca, em todas as minhas explorações, vi uma cena tão incomparável”, lembrou ele mais tarde. “À direita e à esquerda, florestas que nunca conheceram o machado despencam sobre as margens do lago, dando a impressão de saírem diretamente das águas azuis-esverdeadas. O pano de fundo, a 2,5 km de distância, apresenta tons de branco, opala e marrom, onde a geleira encontra o seu limite e se funde à água cintilante.” 

Os Nakoda chamavam esse lugar de “lago dos peixinhos”. Wilson mudou o nome para Lago Emerald e, em 1884, ele foi mudado novamente, dessa vez para homenagear a Princesa Louise Caroline Alberta, esposa do quarto governador geral do Canadá e a quarta filha da Rainha Vitória, a monarca que deu nome à província. A ferrovia Canadian Pacific foi inaugurada mais ou menos nessa época, e o atual Chateau Lake Louise, com 539 quartos, que hospedou políticos, estrelas de cinema e turistas de todo o mundo, teve sua origem em um prédio de somente um andar erguido em 1894. As coisas nunca mais seriam as mesmas e, apesar da neve e do frio de hoje, dezenas de pessoas disputam os melhores lugares para tirar uma foto inesquecível.

A cena permanece exatamente como Tom Wilson a descreveu, com a água azul-marinho, os campos brancos de neve, as árvores verdes de tons diferentes e as encostas marrons das montanhas em camadas, em uma série de planos sobrepostos e magicamente integrados. Imutável, o Lago Louise ainda é capaz de causar uma admiração sem igual naqueles que o visitam. 

Encerro meu dia mergulhando serenamente nas águas ricas em minerais das termas de Banff Upper Hot Springs. O panorama vertical é insuperável: uma floresta de abetos carregados de neve que dá lugar ao cume do Monte Rundle, com seus picos irregulares iluminados pelos raios do sol poente. Se houver suspiros hoje à noite nas Montanhas Rochosas canadenses, serão apenas de contentamento.

Sabores de Calgary

Há muitas churrascarias excelentes em Calgary, como a Caesar's, a Chairman's e a Vintage Chophouse & Tavern. Mas a cidade também oferece uma ampla variedade de experiências gastronômicas que agradam os paladares mais exigentes.

  • De propriedade e operado pelo gastronomicamente talentoso Sal Howell, o Deane House, às margens do Rio Elbow, e o River Café, no Prince's Island Park, servem refeições memoráveis em ambientes históricos e verdejantes, respectivamente.
  • O Fortuna's Row transporta os clientes das planícies de Alberta para os climas, culturas e sabores da América Central e do Sul.
  • Descubra a culinária canadense de costa a costa no Klein/Harris, que fica no shopping de pedestres da Stephen Avenue. 
  • Situado no animado bairro da 17th Avenue, mas com uma vibe do Oceano Pacífico, o Lulu Bar oferece pratos influenciados pela culinária das redondezas e de bem longe, como Havaí e Ásia.
  • Situado no 40º andar do Stephen Avenue Place, o grandioso Major Tom acompanha sua comida divina com vistas paradisíacas.
  • Considerado um dos melhores restaurantes novos de Calgary em 2022, o Orchard serve pratos da culinária asiática e mediterrânea em um ambiente casualmente elegante.
  • Um ótimo local para o almoço, o Park by Sidewalk Citizen recebe os hóspedes em seu espaço em estilo solário no Central Memorial Park (o parque mais antigo de Calgary), situado no bairro Beltline.  
  • O Shokunin, do famoso chef Darren MacLean, que oferece refeições com influência japonesa, está sempre na lista dos 100 melhores restaurantes do Canadá

Um dia de boas-vindas

Meu último dia completo em Calgary é de boas-vindas. A primeira foi na reunião do meio-dia do Rotary Club de Calgary no Stampede Park, para a qual fui convidado por Craig Stokke. Foi Stokke quem garantiu que Calgary tivesse a oportunidade de sediar sua segunda Convenção do Rotary International. Como não era associado do Rotary a 28 anos atrás, ele não foi na Convenção de 1996. Mas há nove anos, quando esteve em Roma, ele conheceu outro rotariano. Quando soube que Stokke era de Calgary, o rotariano italiano descreveu sua maravilhosa experiência na Convenção de 1996 e prometeu que, se Calgary sediasse outra Convenção, ele não deixaria de comparecer.

Wilkinson e Stokke relaxam no parque Mattamy Greenway, criado em parte pelos rotarianos de Calgary.

Trabalhando ao lado de Mark Starratt, o outro presidente da Comissão Anfitriã e associado do Rotary Club de Calgary, Stokke se esforçou para que sua cidade natal sediasse novamente uma Convenção do Rotary. Eles contaram com a ajuda de muitos rotarianos entusiasmados, dos líderes cívicos da cidade e de sua face pública mais proeminente: o Stampede, um evento com rodeio, desfile e festival de 10 dias que atrai anualmente mais de 1 milhão de visitantes a Calgary. “As pessoas do Stampede são hábeis em trabalhar com multidões”, afirma Stokke. “Temos milhares de voluntários que sabem o que fazer e estão prontos para começar. A participação deles nos ajudou a defender que Calgary merecia a convenção.” 

Em 2017, o Rotary anunciou que Calgary sediaria a Convenção de 2025. Stokke, Starratt e outros quadruplicaram seus esforços. “A Convenção de 1996 fixou um padrão elevado”, Stokke admite, “mas não queríamos refazer o trabalho.” Ele não fornece nenhum detalhe específico, mas faz uma promessa. “Sabemos fazer uma grande festa. Os visitantes jamais se esquecerão de que estiveram em Calgary.”

Stokke explica tudo isso enquanto percorremos o terreno do Stampede antes da reunião. Situado no perímetro do parque, o espaço de reunião do clube é uma cabana rusticamente moderna. Hoje, o local está lotado, com cerca de 125 pessoas ocupando nove mesas. Após o almoço, a reunião começa com uma recepção oficial aos convidados.

Conheço muitos rotarianos e, mesmo com 18 meses de antecedência, eles compartilham o mesmo entusiasmo pela próxima convenção. Em mais de uma ocasião, ouvi falar de um benefício de realizar a convenção em Calgary, que essas pessoas planejam aproveitar ao máximo. “Há muitas coisas que esperamos fazer, trazendo pessoas da comunidade e informando-as sobre o Rotary e as grandes coisas que ele está fazendo localmente”, revela Stokke. “Esta é a nossa chance de mostrar quem é o Rotary.”

Steve McDonough, ex-presidente do Calgary Stampede, e Wilkinson, associado do Rotary Club de Calgary no Stampede Park, fazem uma parada na Smithbilt Hats.

Depois da reunião no Stampede Park, corro para o meu almoço com o pessoal do Tourism Calgary. Meus três anfitriões – Aviva Kohen, Shelley Zucht-Shorter e Fraser Abbott – me convidaram para uma deliciosa refeição no Deane House, um dos melhores restaurantes de Calgary que usa ingredientes de origem local, assim como o River Café, administrado por Sal Howell.

Mas o ponto alto é a cerimônia surpresa antes da refeição, em que Abbott me dá as boas-vindas oficiais a Calgary. “Não importa de onde você vem, como você é, qual é sua crença ou quem você ama”, diz Abbott, citando um ex-prefeito. “O que realmente importa é que você é bem-vindo aqui e pertence a este lugar, e que você veio aqui para agregar.”

Abbott me presenteia com um dos chapéus de cowboy Smithbilt, branco e com abas vermelhas, muito característico da cidade. Coloco o chapéu conforme as instruções e me junto a Abbott para recitar o tradicional juramento de hospitalidade do chapéu branco, que termina com um entusiasmado “Yahoo!”. Foi desta forma que entrei na sala de jantar. E se eu estivesse usando esporas, sem dúvida elas estariam tilintando enquanto eu caminhava alegremente. Só estaria faltando um cavalo.

Artigo originalmente publicado na edição de setembro de 2024 da revista Rotary.


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