Doutor do novo século
Bolsista do Rotary não dispensa tecnologia no desempenho da sua profissão
Depois de trabalhar num hospital sul-africano na época da faculdade, o alemão Sven Jungmann descobriu que queria causar impacto de larga escala, ligando mais a tecnologia à medicina. O Rotary o ajudou neste sentido, dando-lhe a oportunidade de trabalhar por oito semanas com uma ONG patrocinada pela organização no Quênia e, logo após, conferindo-lhe uma bolsa financiada por Subsídio Global para fazer mestrado em políticas públicas na Universidade de Oxford.
Jungmann agora trabalha em período integral em Berlim e colabora em vários projetos que tratam da relação entre medicina e informática. Há pouco tempo, ele foi selecionado como um dos 100 inovadores mais brilhantes da Alemanha pela Handelsblatt, publicação líder em negócios, por sua atuação para expandir a digitalização da saúde.
P: O que despertou seu interesse pela junção da saúde com a inovação digital?
R: Tive uma excelente estadia na África do Sul, adquirindo experiência clínica. Fui exposto a vários tipos de casos, atendi pessoas que tinham levado tiros, facadas e que sofreram queimaduras, só para citar alguns exemplos. Com um atendimento de qualidade, muitas dessas pessoas se recuperaram bem. Os resultados eram evidentes. Mas não demorou para que eu percebesse que aquilo não era para mim. Eu não queria ser mais um médico que tratava de problemas, que na verdade jamais deveriam ter acontecido.
P: O que você fez na Oxford?
R: Passei uns 11 meses lá, e tive que fazer um trabalho de dois meses para aplicar o que aprendi em termos de normas e diretrizes. Fui para a Comissão Europeia e lá conheci o chefe da unidade de saúde ligada à eletrônica (e-health). Disse a ele que a digitalização da área da saúde na Europa não estava funcionando porque as pessoas que tinham as ideias para fazer isso acontecer não sabiam engajar os usuários, como médicos, enfermeiros e pacientes. Ele então falou que, por ser médico e conhecer a parte de normas públicas, eu era a pessoa ideal para ligar a saúde com métodos modernos, visando esse engajamento.
P: De quais projetos você está participando?
R: A priori, exerço a medicina, mas tenho feito muito para integrar o mundo digital à área da saúde. No ano passado, fui coautor de um capítulo de um periódico de grande circulação sobre as oportunidades e riscos da saúde móvel. O hospital onde trabalho está tentando digitalizar a sua rede, algo difícil na Alemanha por causa das barreiras jurídicas.
P: Como sua visão de mundo se alinha aos ideais do Rotary?
R: Quando conheci as áreas de enfoque do Rotary, vi que elas tinham muito a ver comigo. Afinal, eu já tinha feito projetos que envolviam promoção da paz e entendimento multicultural. Mas quando eu tomei conhecimento dos objetivos do Rotary, vi que a organização realmente acredita nas pessoas, e isso me chamou ainda mais a atenção. A bolsa de estudos vem com uma grande responsabilidade e o Rotary dá um voto de confiança ao outorgá-la. Eu tinha minhas próprias ideias, um pouco controversas, de que os médicos deveriam participar mais da solução de problemas sociais. Muitos não queriam se envolver, mas quando entendiam que o Rotary estava do meu lado, passavam a ver as coisas com outros olhos.
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