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Explorando o mundo com o Grupo de Companheirismo de Viagens

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Ligia Corredor, uma devota exploradora do mundo, frequentemente viaja sozinha, mas raramente se sente solitária. Para ela, viajar é, antes de tudo, uma busca por amigos. Seja na Austrália, em Singapura, em Taiwan ou nos Estados Unidos, ela pode facilmente encontrar alguém para tomar um café, compartilhar uma refeição, apresentar seu bairro favorito ou hospedá-la por algumas noites em sua casa, mesmo que eles nunca tenham se encontrado antes. Onde ela encontra esses melhores amigos instantâneos? No Grupo de Companheirismo de Viagens e Hospedagens.

“Em primeiro lugar, por ser solteira e mulher, sinto-me confortável”, diz Corredor, associada do Rotary Club de Miramar-Pines, na Flórida, EUA, falando sobre os benefícios do grupo do qual faz parte há mais de 25 anos. “Sinto-me segura quando viajo com amigos do Grupo de Companheirismo porque eles são associados do Rotary". O melhor de tudo é que ela se sente em família, seja como hóspede ou anfitriã. 

Com mais de 850 membros, o grupo de viagens e hospedagens é um dos maiores do Rotary. Ele permite que seus membros enriqueçam suas viagens por meio de intercâmbios culturais, visitando associados do Rotary para viverem diferentes experiências, desde encontros rápidos em cafés até estadias de vários dias em suas casas.

Madhumita Bishnu (à esquerda) no Mornington Peninsula National Park, Austrália, com o rotariano Peter Downes e sua esposa, Helen.

Foto cedida por Madhumita Bishnu

Membros do Grupo de Companheirismo do Canadá e dos EUA nadam no Brasil.

Foto cedida por Ligia Corredor

Embora o Grupo de Companheirismo tenha sido oficialmente reconhecido em 1989, a ideia surgiu alguns anos antes. Ele foi formado a partir de um círculo crescente de conexões que começou com um rotariano americano e sua esposa, que ficaram impressionados com a hospitalidade dos rotarianos em uma longa estadia na Europa em 1986. Quando eles, por sua vez, receberam um grupo de australianos que tinha o mesmo interesse em intercambiar visitas, tiveram certeza de que estavam no caminho certo.

Dicas para intensificar a hospitalidade

Como ser um bom anfitrião 

  • Comunique-se bem. “Na maioria das vezes, as reclamações são de que o anfitrião não responde, não lê o e-mail, não telefona”, diz Bishnu. Explique o que você pode ou não oferecer aos hóspedes do Rotary e seus parceiros.
  • Apresente os visitantes a vizinhos e outros moradores locais, especialmente aos associados do seu clube, para fomentar novas amizades e até mesmo viabilizar possíveis projetos.

… e um bom hóspede

  • Faça contatos com bastante antecedência e compartilhe seus interesses e os objetivos da viagem.
  • Pergunte sobre as regras. Pode parecer uma consideração óbvia, mas “sempre pergunte”, insiste Corredor. “O que posso tocar? O que não posso tocar? Eu faço um tour pela casa com os convidados” logo no início.
  • Seja flexível com seu tempo e seus planos. “Considere as opções apresentadas pelos anfitriões”, diz Wyatt. “Essa costuma ser a área em que tive as experiências mais gratificantes, pois você vê o local sob uma perspectiva diferente.” 
  • Decida como você expressará sua gratidão. “Eu sempre levo um presente simbólico. Recomendo um item alimentício”, diz Corredor, que acha que o café da sua terra natal, a Colômbia, é universalmente apreciado.
  • Considere lugares menos conhecidos. Harned se lembra de um australiano dizendo que nunca recebia visitantes por causa da falta de interesse em sua localização fora do circuito turístico. “Eu disse: 'OK, estamos indo'. E nós nos divertimos muito com eles.”

“O que fazemos é dar às pessoas a oportunidade de se conectar”, explica Madhumita Bishnu, do Rotary E-club de Melbourne, na Austrália, que mora em Calcutá, na Índia, e é a atual presidente do grupo. Os membros podem entrar em contato uns com os outros por meio do site e combinar de se encontrar. “Você faz a conexão e se hospeda na casa da pessoa ou é convidado para uma reunião do seu clube. Pode ser um passeio turístico local, uma visita para tomar uma xícara de chá ou café, ou qualquer tipo de hospedagem”, conta Bishnu.  

“As conexões podem envolver hospedagem em casa de família por alguns dias, mas também podem ser algo tão simples quanto um encontro para uma refeição”, ressalta Sheila Hart, presidente do Rotary Club de Nelson Daybreak, no Canadá, e ex-presidente do Grupo de Companheirismo. 

Tracey Wyatt, do Rotary Club de Wynnum and Manly, na Austrália, chama o grupo de “o segredo mais bem guardado”. “É muito mais profundo e interessante do que qualquer experiência turística”, diz ela. E o conhecimento local é útil. Wyatt, por exemplo, adverte regularmente os viajantes para que não subestimem a vastidão da Austrália e não façam planos de viagem irrealistas.

Rick e Mary Ellen Harned, associados do Rotary Club de Louisville, em Kentucky, nos EUA, observam que alguns rotarianos não têm espaço em casa para acomodar hóspedes. “No Japão, eu não esperaria necessariamente uma hospedagem em casa, porque eles simplesmente não têm tanto espaço”, diz Rick Harned, ex-administrador do Grupo de Companheirismo. Mas um simples encontro pode ser igualmente enriquecedor.

Em sua visita a Osaka, no Japão, por exemplo, um passeio a pé organizado por rotarianos e um jantar em um bar esportivo foram destaques memoráveis. Durante uma visita à Alemanha, a esposa de um rotariano abasteceu seu apartamento alugado com alimentos leves e Rick Harned fez uma apresentação sobre a vida rotária em Kentucky para o Rotary Club de Detmold-Oerlinghausen. Em outra viagem, rotarianos australianos apresentaram ao casal os cangurus que brincavam na propriedade de um amigo. O dono do terreno era um rotariano que os Harneds haviam conhecido em uma viagem anterior do Grupo de Companheirismo. 

O grupo também realiza intercâmbios domésticos; os Harneds visitam amigos rotarianos em Wisconsin e fizeram uma curta viagem ao estado vizinho, Tennessee, para assistir a um eclipse solar com um associado de lá. “Nós costumamos fazer o que eles fazem em suas comunidades”, diz Mary Ellen Harned. “Nas cidades menores, você vê coisas que um turista comum não veria.”

Rick Harned (à esquerda) e sua esposa, Mary Ellen (ao centro), visitam Chicago com os anfitriões do Rotary John e Jean Henderson.

Foto cedida por Mary Ellen Harned

Em uma caminhada em 2021, Tracey Wyatt (à direita) mostra as Blue Mountains da Austrália a Nancy Fleming, rotariana americana.

Foto cedida por Tracey Wyatt

Corredor já recebeu visitantes que ficaram entusiasmados só de ajudar a cuidar de seu jardim, que é adornado com palmeiras e vegetação exuberante. Em outra ocasião, um casal do Canadá que chegou a tempo para um café da manhã com o Papai Noel para crianças, do qual ela estava participando, foi junto e se voluntariou o dia todo distribuindo presentes. E quando estava hospedada na casa de uma associada australiana perto de Brisbane, na Austrália, Corredor foi com ela conferir um projeto do clube para ensinar adolescentes e adultos com deficiência a velejar. “Eu nunca teria visto algo assim se não estivesse com rotarianos”, comenta. 

O Grupo de Companheirismo também organiza passeios coletivos, inclusive excursões para a Convenção do Rotary International. Após a Convenção em Singapura, em maio passado, Corredor participou de uma excursão em Bali, na Indonésia. Um rotariano de lá organizou uma aula de culinária na qual eles puderam colher legumes e ervas de uma horta. Outra viagem recente foi planejada para a Patagônia e a Antártica. E as conexões começam antes mesmo das viagens – os membros geralmente se conhecem por meio de animados grupos de WhatsApp. 

“O maior aprendizado são os relacionamentos de longo prazo que estabeleci”, diz Corredor. “Tenho muitos amigos que fiz e que não participam do grupo. Mas nós os convencemos. Sempre digo que eles precisam se juntar a nós. É a camaradagem que você cultiva.” 

Artigo publicado na edição de dezembro de 2024 da revista Rotary.

Mais de 100 Grupos de Companheirismo do Rotary reúnem associados com interesses em comum.